Permanecendo Quieto. Poema de Pablo Neruda

30-11-2020

Agora vamos contar até doze

E vamos permanecer todos quietos

Por uma vez à face da terra,

Não vamos falar nenhuma língua; 

Vamos parar por um segundo,

E não mover tanto os braços.

Seria uma momento raro

Sem pressas, sem motores;

Estaríamos todos juntos

Numa súbita estranheza.

O pescador no mar frio

Não magoaria as baleias

E o marnoto

Não olharia olharia para as suas mãos feridas.

Os que preparam guerras verdes,

Guerras com gás, guerras com fogo,

Vitórias sem sobreviventes,

Colocariam roupas limpas

E andariam por aí com os seus irmãos

Pela sombra, fazendo nada.

O que eu quero não deve ser confundido com total inatividade.

A vida é o que é;

Eu não quero nada com a morte.

Se não fossemos tão obcecados

Sobre manter as nossas vidas em movimento,

E por uma vez pudéssemos fazer nada,

Talvez um enorme silêncio

Conseguisse interromper esta tristeza

De nunca entendermos quem somos

E de nos auto ameaçarmos com a morte.

Talvez a Terra nos pudesse ensinar

Como quando tudo parece morto

E mais tarde prova estar vivo.

Agora vou contar até doze

Tu permanece quieto e eu vou.

Tradução feita por mim do poema Keeping Quiet de Pablo Neruda retirado de: https://www.awakin.org/read/view.php?tid=2298