Estar só...

01-05-2023

É difícil estar só. Requer muita atenção e inteligência, pois assim que sentimos o vazio do silêncio e o nada do agora a mente fica inquieta...

Não falo daqueles momentos de relaxamento, em que me encontrando sozinha, desfruto do silêncio e da quietude. Falo sim, daqueles momentos em que me sinto solitária e mais consciente da impermanência da vida e da volatilidade do "eu". A mente assustada e frustrada procura imediatamente fugas e muletas que dêem mais consistência a este "eu" e a este instante.

E ideia do "Eu", de quem sou, do ego, é uma construção feita a partir da minha relação com o mundo e com  outro. Uma "história" criada pela mente baseada nas memórias do passado e que ganha robustez com os: "meu"; "quero"; "devo"; "posso"; "gosto"; "não gosto"...

Porque a construção de quem sou é externa, a mente irá sempre condenar a solidão!

Mas Krishnamurti pergunta se a solidão não será um pensamento? E deixa o desafio de na experiência da solidão, não procurar qualquer fuga, mas permanecer nesse desconforto imediato, no medo de não ter onde me agarrar, na angústia de me achar sem chão, na frustração do "eu"... 

E nessa entrega, a solidão transforma-se na "felicidade de estar só"! "Permanecendo nessa extraordinária sensação de vazio, de estar separada de tudo, de todas as ideias, de todas as influências e compulsões, de todos os anseios, exigências e esperanças", eu encontro a liberdade, a felicidade e o amor de apenas existir!


Rita

Texto escrito apartir da leitura de livros e textos de Jiddu Krishnamurti e do podcast Corvo Seco sobre textos do mesmo autor.

Imagem retirada de: https://wallpapersafari.com/w/GohwLT