O que aprendi em 2021!

31-12-2021

O ano de 2021 volta a ser um ano de fortes emoções. Logo em Janeiro o país volta a fechar e a vida dá nova cambalhota com desafios financeiros, profissionais, familiares e pessoais a superar. Foi um ano de muita ansiedade, medos, raiva e tristeza. Com frequência fujo e nego estas emoções e sentimentos desagradáveis, pois é difícil para mim aceita-los e lidar com eles, achando que não "devia sentir isto", que senti-los revelam uma imaturidade que achava já não ter.

Sei que abracei os ensinamentos e a jornada do autoconhecimento como um trabalho de superação constante até uma ideia de perfeição, transformando o caminho espiritual numa negação da minha essência e da minha humanidade e num constante limar, modificar e melhorar, tentando alcançar aquela utopia do sábio que sempre de rosto sereno e sorridente nada nem ninguém o perturba. Claro que falhei redondamente neste propósito!

Uma vez li que a cultura ocidental entende a vida como uma reta ascendente, enquanto as tradições espirituais orientais entendem a vida como uma linha horizontal ou circular. Uma pequena mudança de direção que faz toda a diferença, pois a partir do momento em que não há nada mais elevado alcançar, o caminho espiritual (para mim sempre sinónimo de amadurecimento da mente e do eu) transforma-se em aceitação, compreensão e aprender a lidar de forma positiva com minha própria humanidade. Pois a verdade base é que: Não há nada de errado em mim! A minha "imperfeição" não é uma falha! 

Hoje, para mim, na sua essência, o caminho espiritual é uma entrega. Na prática é um remar constante, persistente, assertivo e consciente em direção a essa entrega.

E muito desse trabalho é abraçar e validar o ser emocional que sou. Não só a razão mas também as emoções são ferramentas importantíssimas no processo de compreensão de mim própria. E independente de serem agradáveis ou desagradáveis a sua aceitação e entendimento levam-me ao discernimento, ligam-me à minha sabedoria interna (quem sou? o que quero? o que é realmente importante para mim? para onde quero ir a seguir?). A tristeza, o medo, a raiva, a ansiedade falam verdades difíceis sobre mim própria, alertam-me, ajudam-me a criar limites, a mudar comportamentos ou a tomar decisões de forma a ir ao encontro dos valores que me são vitais e me fazem permanecer no caminho da paz (nem que por momentos me roubem essa paz), do auto - respeito, do auto - amor, do auto - cuidado, do amadurecimento.

Então em 2021 comecei aprender a não fugir e olhar olhos nos olhos essas emoções que tanto me perturbam. Não no sentido de culpar algo ou alguém pelo que sinto, pois sei que a minha emoção é minha responsabilidade.  Mas tentando ouvir o que me têm para ensinar, sabendo que não são visitas indesejáveis e chatas que permanecem mais tempo que a educação sugere, mas sim mensageiras que ficam o tempo necessário até eu entender quem sou e qual o melhor caminho a seguir.

Rita

imagem retirada de: https://www.freejupiter.com/easy-canvas-painting-ideas-for-art-lovers/3/