O que aprendi em 2022!

31-12-2022

Gosto de como a paisagem muda com o tempo. Basta estar uns dias sem pecorrer algum trilho que quando lá volto parece um novo caminho. Com alegria, sou sempre apanhada de surpresa, inevitavelmente o meu passo abranda, todos sentidos se abrem ao momento para perceber onde estou e qual o caminho que quero seguir.

É tão bom encontrar algo novo no que nos é familiar!

Enquanto caminho, neste último dia do ano (cinzento! ventoso! chuvoso!) penso que como para mim há tanta beleza numa árvore cheia de flores ou num caminho perfurmado, como numa árvore despida ou num caminho cheio de folhas secas degradadas pela chuva e pelo vento. A natureza não sabe, mas expressa-lo tão bem...

Não há qualquer meritocracia no "estado de Graça"!

No momento em que existo, sou "abençoada" por este dom de ligação ao sagrado, pela possibilidade de experienciar a plenitude, a paz interior, a alegria, o amor, com uma profunda gratidão por existir. Existo, logo sou amor, paz, alegria, plenitude. Estão em mim independentemente da minha performance, bom comportamento, nível de estudos ou educação. É-me dado, apenas é, sem razão.

No entanto, tão bem me revejo nas palavras do cardeal Tolentino de Mendonça, "resmungamos com a vida. Falta-lhe alguma coisa, nunca nada é perfeito, nunca está acabado, nada resolvido." Mas é tudo uma questão de olhar. Como diz o Padre Richard Brown "não acreditamos no mundo espiritual", numa vida em "estado de graça". E continua, "acreditamos na realidade do mundo lógico e enquanto estivermos aí nada acontecerá". As palavras de Tolentino de Mendonça vão ao seu encontro "Não é um problema de conhecimento, é uma questão de olhar. Olharmos para o que somos e para o que nos rodeia com um coração capaz de se sintonizar com o dom que nos habita".

A vida e a espiritualidade são tudo formas de olhar (arriscaria a dizer escolhas de como olhamos). E onde talvez muitos vejam ingenuidade, fragilidade, demasiada bondade, eu escolho ver a força e a coragem de assumir a minha vulnerabilidade e humanidade, arriscando-me a dar e amar sem máscaras ou defesas, mesmo quando alguém não sabe receber o amor que lhe é dado. E fazer da dor e da desilusão uma oportunidade de autoconhecimento, de me descobrir inteira, completa, conectada com a minha essência, a minha paz e a minha alegria. E onde talvez muitos vejam falta de ambição eu arrisco-me acreditar que não há cume mais alto que o do autoconhecimento, do amor e da compaixão (por mim própria e pelo outro), por uma mente equilibrada, com o discernimento de viver uma vida de significado, no respeito de quem sou e do que acredito. Esperando (desejando!) que na minha última expiração haja um feliz e sereno "Valeu bem a pena!"

Rita