A Verdadeira Liberdade!

02-04-2023

O tempo passa, avançamos no ano e a vida flui...tal como deveria ser!

Num saltinho de coelho chegamos Abril e a rapidez do passar dos dias lembra-me que a vida é como um rio, um eterno movimento. Se sei que nada dura, porque me agarro ao desejo de uma existência perene, estável, contínua, sem grandes mudanças e claro sempre agradável?

Jiddu Krishnamurti define a procura da permanência "como o desejar que as coisas agradáveis durem eternamente e que as desagradáveis terminem o mais rapidamente possível".

Sempre que desejo a permanência recuso-me a viver! Pois nada perdura, um início sempre se tornará um fim e um fim um novo início; ao agradável sempre seguirá o desagradável e a este novamente o agradável. Mas para a mente, viver num estado de impermanência é assustador, inseguro. Como viver sem me agarrar o que gosto, ao que me traz alegria, o que me é agradável? Como viver sem chão? 

Exijo permanência e a nossa sociedade cria uma cultura baseada nesse desejo. Construímos pontos de apoio pela tradição, religião, ideologias politicas, filosofias de vida, relacionamentos, trabalho, posse de objetos, estatuto.... E em nome da ilusão da segurança e da estabilidade morremos, deixando a vida passar; sim, aquela vida que é impermanente, em constante mudança, mas com uma profundidade, vitalidade e beleza extraordinárias. 

"...a mente que procura permanência rapidamente estagna, só a mente que não tem pontos de apoio, que não tem pouso, que se move inteira com a vida; eternamente ousando, explorando, explodindo pode ser feliz, eternamente nova, criadora!" Jiddu Krishnamurti

Mas é difícil entrar no rio da vida e fluir, naturalmente discernindo as partes do percurso em que é necessário dar aos braços e nadar e as partes em que tenho de me permitir flutuar.  Livre é a mente que se entrega e que já entendeu que o sofrimento está no "agarrar", no procurar na permanência a minha felicidade, o meu propósito, a verdade de quem sou. 

A verdadeira liberdade está em confiar que tanto nos momentos agradáveis como nos  desagradáveis "a vida cuidará de mim de uma maneira surpreendentemente" e dar o salto para o desconhecido, abraçar o eternamente novo, alcançando a verdadeira compreensão do amor, da bondade e da beleza da vida!

Rita

Texto escrito apartir da leitura de livros e textos de Jiddu Krishnamurti e do podcast  Corvo Seco sobre textos do mesmo autor.

Imagem retirada de: https://www.dn.pt/1864/dos-cravos-da-liberdade-ao-lirio-da-pureza-o-significado-das-flores-11886151.html