Agosto

31-07-2021

Cheguei a casa...

Na sapateira os sapatos exaustos,

De tantas horas por caminhos responsavelmente percorridos.

No cabide o casaco cansado,

Com os bolsos cheios de sonhos amarrotados e sujos de tantos deveres.

No aparador as chaves desmaiadas, frustradas,

Por mais um dia sem abrir as portas para uma nova paisagem.

Sento-me em silêncio à espera que a imobilidade me desperte...

Quero tanto ser capaz de partir com uma mala vazia,

Um relógio sem horas, um calendário sem datas.

E na irreverência de negar o mundo que "deveria ser",

Encontrar uma nova ordem,

Mais pura, mais selvagem, mais livre.

Eu sei que a liberdade só existe nos olhos de quem a vê,

Ah... eu quero tanto ver!

Eu sei que as algemas que me prendem estão soltas,

Ah... eu quero tanto largar!

Eu sei que o sentido da vida não é um tesouro escondido, apenas acessível ao explorador mais corajoso, mas um vasto e exposto oceano,

Ah... no qual eu quero tanto mergulhar!

Rita

Imagem retirada de: https://www.coisasdavida.net.br/2015/06/mensagem-para-reflexao-mala-vazia.html