Recomeço

Setembro chegou!
E neste "recomeço" ao trabalho, é inegável a constatação de que a vida tem um ritmo! De que o mundo é um ciclo constante de "opostos de mãos dadas"*.

Vem-me à memória uma entrevista da autora e ativista Karen Walrond** e como ela acreditava que a vida em toda a sua expressão é um ciclo constante de expansão e recolhimento, de avançar e recuar, de luta e rendição. Esta é a natural ordem das coisas:

Fluxo e refluxo...

                        ... maré cheia e maré baixa...

                                                                   ... lua cheia e lua nova...

                                                                                                      ...outono e primavera...

                                                                                                                                      ...inspiração e expiração...

Tudo tem um ritmo e nós, humanos, também temos um ritmo, também somos maré alta e maré baixa, outono e primavera, trabalho e descanso, rendimento e ócio.

Numa pequena retrospetiva dos meus dias, vou buscar Afonso Cruz que descreve deliciosamente este equilíbrio da vida "como absurdamente/moralmente/esteticamente desequilibrado"*, onde muitas vezes parece que não é metade para cada lado, que tudo o que existe é esforço, luta, cansaço...

Recordo-me da minha responsabilidade em encontrar este equilíbrio "delicado e extravagante"*. Presa na agenda e correria dos dias deixo muitas vezes os momentos de autocompaixão, de autocuidado, de alegria e apreciação da vida adiados para quando terminar a interminável lista de tarefas e de objetivos ou então para aqueles dias em que já sem energia parar é inevitável e talvez já venha um pouco tarde.

Neste "recomeço" ao trabalho procuro lembrar-me que, sem dúvida, muito do caminho é andar, trabalhar, fazer, lutar, mas é grande a importância de criar momentos DIÁRIOS onde o caminho é parar, abrandar e até de recuar alguns passos, para regenerar, recuperar a energia que nos permite fazer e criar coisas boas. A rotina de diariamente conectar com a ALEGRIA, com a GRATIDÃO, de encontrar momentos de APRECIAÇÃO da vida, de SORRISOS e RISOS, de CONTEMPLAÇÃO da Beleza. São estes momentos que me lembram porque estou realmente a lutar, porque travo as batalhas que escolhi e que me permitem seguir em frente no caminho em que me quero conquistar.

Rita

* Cruz, Afonso. 2013. Para onde vão os guarda-chuvas. Editora Objetiva. Carnaxide

** Entrevista pode ser ouvida em: Unlocking Us with Brené Brown  - Accessing Joy and Finding Connection in the Midst of Struggle with Karen Walrond ( https://open.spotify.com/episode/0UtfB3KfyySJneMV1onqcU?si=6bff0d1960e442cc)

Imagem retirada de: https://www.pinterest.pt/pin/40321359143014268/